quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Homo Videns

Já sabendo a resposta, ainda assim pergunto: Há leitores na internet?
É uma questão crucial. Um filósofo e politólogo italiano, Giovanni Sartori, produziu um interressante opúsculo, em 1991, sobre a função nefasta da televisão sobre o homem, tirando-o a capacidade de abstração. Em certo sentido, é possível trensferir essa deturpação para a internet, que, devo admitir, não é de toda má.
Para Sartori, cuja obra chama-se "Homo Videns: Televisão e Pós-Pensamento", a televião estaria simplesmente mundando a natureza do ser humano, que deixa de ser homo sapiens (homem que sabe) para torna-se homo videns (homem que vê) inaugurando a era do pós-pensamento. Incapaz de elaborar um pensamento abstrato, o homem se torna um idiota guiado por símbolos e imagens.
Analisando o comportamento de internautas viciados pela rede adentro, é possível perceber essa tendência de condicionar o indivíduo à indústria da incultura e da imbecilidade. Viciados em Orkut e em outras comunidades, em sites de bate-papo sem finalidade útil, em jogos eletrônicos via computador, entre outros, têm se mostrado condicionados a um comportamento limitado e incapaz de ascender ao mundo inteligível, sendo, por isso, seu único guia a pobre simbologia que influncia seus olhos. É lastimável que mães e pais permitam que seus filhos despendam horas diante do computador escravizados por jogos eletrônicos e conversas inúteis, que as casas de intenet (lan house) estejam atulhadas de bufarinhieros de ninharia unicamente para adicionar e conhecer "aquela pessoa interessamteno no Orkut". Saliento como necessário afirmar que não condeno o uso do Orkut, mas apenas a dependência patológica dessa comunidade a que muitos estão sujeitos.
Como havia dito, a internet não é toda má, mas a sua ilimitação quanto aos usos conduz o homem ao meso fim dos que se submetem à ditadura imbecilizante da televisão. A multiplicidade e a complexidade de sons e imagens que a internet oferece têm minado a capacidade de pensar de alguns. Parece que, como a televisão, ela criou e continua a criar "um homem que não lê, que revela um alarmante entorpecimento mental, um molóide alimentado pelo vídeo (ou monitor), um potencial apedeuta viciado na vida dos jogos eletrônicos!"